Yoga e caminhada na Mauritânia: uma experiência única entre dunas e oásis
- Be Naturgift

- 9 de nov.
- 5 min de leitura
Há lugares que parecem existir fora do tempo. A Mauritânia é um deles: vasta, silenciosa, com horizontes que não têm fim e uma luz que muda a cada instante. No coração do Sahara, este país do noroeste africano guarda o essencial: a imensidão, a simplicidade e a presença.
Em breve a Naturgift irá propor uma nova experiência de yoga e caminhada por estas terras antigas. Mas antes de pensar em itinerários, vale a pena conhecer o cenário onde tudo acontece: um dos desertos mais puros e menos explorados do planeta.


Entre o Atlântico e o Sahara
A viagem começa em Nouakchott, a capital mauritana, um ponto de encontro entre o oceano e o deserto. O porto de pescadores é um espetáculo de cor e movimento: barcos azuis, homens a puxar redes, o cheiro do mar misturado com o vento seco. É uma introdução perfeita à dualidade do país: entre o Atlântico e o Sahara, o movimento e a quietude.

De Nouakchott, o caminho segue para o interior, em direção à região de Adrar, o verdadeiro coração do deserto mauritano. À medida que o caminho se faz, a paisagem torna-se dourada, instala-se uma sensação de travessia.

Imersão nas dunas do deserto
O percurso segue pelo cordão de dunas de Dreyye Malichigdane até Kedyet Ould Salek, entre vales secos e colinas douradas. É uma paisagem em movimento: as sombras dançam nas dunas, as acácias resistem à aridez, e o olhar aprende a distinguir tons de areia. Aos fins da tarde, o yoga acontece em plena natureza. As posturas ganham outro sentido quando o chão é areia fina e o horizonte não tem fim.


Lemoileh e o pôr do sol perfeito
Chegar a Lemoileh é entrar numa pintura. As dunas sobem e descem em curvas suaves, e ao longe, o sol parece repousar sobre o deserto. Aqui, o tempo abranda ainda mais: há espaço para o silêncio, para a respiração, para o espanto. As noites são passadas em acampamentos simples, sob um “hotel de mil estrelas”, como dizem os nómadas.

Oásis e vida
Viajar pela Mauritânia possibilita uma imersão profunda na serenidade e na força vital que emergem do deserto. Depois de dias entre dunas e ventos, o encontro com os oásis transforma-se em uma verdadeira revelação: o verde das palmeiras, o som suave da água e o perfume da terra húmida despertam os sentidos e recordam que, mesmo nos lugares mais áridos, a vida encontra sempre um caminho para florescer.
As famílias que vivem junto aos oásis cultivam pequenas hortas entre as tamareiras, numa relação de respeito e harmonia com o ambiente, mostrando como a simplicidade pode ser fonte de abundância e equilíbrio. É um cenário que convida à pausa e à introspeção: um espaço ideal para o yoga e a meditação, onde o corpo e o espírito se alinham ao ritmo natural da paisagem.
Viaja-se entre vales e pequenas aldeias dispersas. As comunidades locais acolhem os viajantes com gestos discretos, mas cheios de autenticidade. A convivência revela um modo de vida guiado pela partilha, pela calma e pela sabedoria de quem aprendeu a viver em harmonia com um ambiente exigente. Cada encontro é uma lição silenciosa sobre a humildade e a gratidão.
No final dos dias, quando o acampamento se instala em pontos altos, o horizonte abre-se em toda a sua imensidão. O yoga ao pôr do sol torna-se então um momento de ritual e de comunhão: o corpo acompanha o movimento lento da luz que se apaga, e a respiração funde-se com o silêncio do deserto. É uma experiência que transcende o simples deslocamento físico, é um convite à presença, à contemplação e ao reencontro com o essencial.


Dekhlet Bakar e o último nascer do sol
Em Dekhlet Bakar, o deserto despede-se com suavidade. As horas passam em contemplação: uma última caminhada, uma última prática de yoga, um último silêncio partilhado. Depois, o caminho de volta conduz ao oásis de Terjit, um dos mais belos do país. Palmeirais, pequenas nascentes e sombras frescas acolhem os viajantes. É um lugar de repouso, onde a água corre entre pedras e o corpo agradece.


Ao regressar a Nouakchott, o mar reaparece no horizonte. Depois de tantos dias de areia, é como reencontrar o início, mas com um novo olhar.

Entre o corpo e o deserto
A Mauritânia é um destino que desafia e acolhe. O calor, o vento, o silêncio e a imensidão fazem parte da experiência tanto quanto o yoga ou a caminhada. Cada etapa é uma prática de presença, um convite a escutar o corpo e o lugar. Neste país onde o tempo parece suspenso, o deserto não é apenas um cenário, é um mestre paciente, que ensina a estar, a ouvir e a ser.


Património e autenticidade
A região de Adrar é também território de história. Próximas do itinerário, cidades como Chinguetti e Ouadane são vestígios vivos do passado caravanista, com ruas de pedra, bibliotecas antigas e mesquitas de adobe. Ambas fazem parte do Património Mundial da UNESCO e lembram que o Sahara foi, durante séculos, um centro de cultura e espiritualidade.

Benefícios desta viagem
Reconexão com a natureza: a Mauritânia oferece um dos ambientes mais extremos e belos do planeta, a natureza assume o protagonismo absoluto.
Desaceleração: longe das rotas turísticas comuns e do ritmo frenético do modo de vida urbano, este destino permite travar, respirar e estar.
Cultura autêntica: visitas a cidades milenares, contacto com paisagens que foram palco de caravanas ancestrais, cultura nómada e história viva.
Bem-estar físico e mental: yoga, caminhadas em ambiente seguro mas desafiante, ar puro, silêncio: ingredientes combinados para regenerar.
Grupo pequeno e experiência cuidada: a Naturgift privilegia grupos reduzidos para que o acompanhamento seja próximo, o ritmo ajustado e a experiência personalizada.

Dicas práticas
É recomendado levar roupa leve para o dia, algo mais quente para as manhãs/noites (o deserto arrefece).
Calçado confortável para caminhada em areia e terreno irregular.
Protector solar, óculos de sol, chapéu ou lenço para a areia/vento.
Noções básicas de etiqueta local (a Mauritânia é predominantemente muçulmana): vestuário recatado, respeito nas vilas e aldeias.
Uma mente aberta para imprevistos: o deserto é imprevisível, as paisagens mudam, o tempo e o vento podem alterar planos.
Boas práticas de yoga adaptadas ao local: aproveitaremos superfícies naturais, por isso levar um tapete leve ou prancha de yoga dobrável pode ajudar.

Viajar pela Mauritânia é descobrir um dos últimos desertos autênticos do planeta. Não há multidões, não há pressa. Há apenas o vento, a areia e o infinito. E, no meio desse silêncio, há espaço para o essencial: para a respiração, o movimento e a reconexão.
📷 naturgift.pt / mauritanides.com / pexels.com










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